Após oito anos como companhia de capital aberto, o Carrefour Brasil concluiu sua saída da B3 – Bolsa de Valores de São Paulo, encerrando um capítulo marcante da sua atuação no mercado financeiro brasileiro. A decisão, liderada pela controladora francesa, acontece após um desempenho abaixo do esperado, apesar de movimentos estratégicos ambiciosos.
Do IPO bilionário à desvalorização
Em 2017, o Carrefour protagonizou um dos maiores IPOs do setor de varejo no Brasil, levantando mais de R$ 5,1 bilhões. A oferta pública inicial gerou grande entusiasmo entre investidores, consolidando a operação brasileira como uma das apostas globais do grupo francês. No entanto, o que começou com euforia terminou de forma discreta: ao deixar o mercado de ações em 2025, a empresa acumulava uma queda de 44% no seu valor de mercado, encerrando com valuation de R$ 17,8 bilhões.
Aquisição do Grupo BIG: crescimento com obstáculos
Um dos momentos mais significativos desse período foi a compra do Grupo BIG (antigo Walmart Brasil) em 2021, por R$ 7,5 bilhões. A aquisição foi estratégica para ampliar a presença nacional, diversificar os canais de atuação e ganhar escala em regiões onde o Carrefour tinha participação modesta. Porém, a integração das operações se mostrou mais desafiadora do que o previsto, com custos elevados e impactos operacionais que comprometeram a rentabilidade no curto prazo.
Estratégia por trás da saída da B3
A decisão de fechar o capital foi impulsionada pelo desejo da matriz francesa de agilizar decisões estratégicas e simplificar a governança corporativa. Como já detinha aproximadamente 70% das ações, a operação de recompra do restante teve um custo relativamente acessível. Ao retirar a empresa do ambiente de capital aberto, o grupo pretende focar em ganhos operacionais, digitalização e inovação, sem a pressão de resultados trimestrais para o mercado.
Resultados recentes mostram recuperação
Apesar das turbulências, o Carrefour Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 282 milhões no primeiro trimestre de 2025, um crescimento expressivo de 446,6% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado positivo indica que, mesmo com os desafios de integração e cenário econômico complexo, a empresa começa a colher frutos de ajustes internos e novas estratégias de gestão.
O que esperar do futuro do Carrefour no Brasil?
Mesmo fora da B3, o Carrefour continua como um dos maiores grupos varejistas do país, com presença nacional robusta em hipermercados, atacarejos, farmácias, postos de combustível e e-commerce. A expectativa é de que, livre da exposição pública e com governança mais ágil, o grupo busque melhorar margens, ampliar sua digitalização e consolidar sua liderança no setor alimentar e não alimentar.